UM POUCO DE MINHA HISTÓRIA

Meu jovem, nesse artigo vou fazer um breve relato sobre minha vida. Será uma história bem pessoal com situações vividas, muitas vezes com emoções fortes e tenho certeza que você irá sentir e enxergar elas acontecendo. Acredito que lhe servirá de inspiração e aprendizado.

Quando eu era criança tive uma série de problemas, tentarei não me delongar muito, mas de forma sucinta digo que apanhei muito na escola de ensino básico e de ensino fundamental, afinal eu era em média dois anos mais novo que toda a turma. Isso me gerava uma série de problemas pois além de apanhar na escola, literalmente, eu acabava também apanhando muito em casa pois não tinha a mínima vontade de estudar diante de tudo o que passava na sala de aula, famoso e tão difundido bullying. Pra acirrar ainda mais tudo isso que eu vivia na época, os meus pais passavam por sérias dificuldades financeiras e por essa razão eu quando tinha 10 anos usava roupas de pessoas de 14 a 15 e a justificativa era simples, vamos comprar essas pois quando você crescer elas não ficarão pequenas e você continuará usando-as. Detalhe importante:eu guardo algumas dessas roupas como recordação e acredite, ainda estão grandes em mim.

Os poucos colegas com os quais eu tinha amizade, mesmo sem a intenção acabam reforçando aquele complexo de inferioridade que me perseguia, pois enquanto eu usava roupas emprestadas de um primo mais velho que eu (bem mais velho) e por consequência bem folgadas com sapatos gigantes, esses meus poucos amigos estavam com roupas justas, com perfumes cheirosíssimos e com moto disponível a qualquer momento. Imagine o que é isso pra uma criança, imagine o que isso tudo pode fazer com a vida de alguém que ali tinha 12, 13 anos. Bem, eu era essa criança.

Hoje olhando de fora, percebo que um dos grandes problemas é que eu era extremamente inteligente e isso incomodava muita gente, mas aquele garotinho não sabia disso. Como eu gostaria de estar lá pra dizer isso pra ele, mas continuando, a minha família comprava roupas maiores por que estava passando por sérios problemas financeiros, devendo tanto dinheiro como não sendo possível nem parametrizar e eu não sabia direito de tudo isso, apenas sofria. Nessa idade, ao perceber tudo o que ocorria e sem uma orientação devida, acredite, meu pai me pagava 3,00 por semana pelo trabalho que eu desenvolvia pra ele e ali eu devia na praça uns 20,00. Mas o que um jovem pode ficar devendo? Bem, no meu caso eram picolés e lanches. Trabalhava pra caramba a semana toda, embora fosse prazeroso eu só fazia 3,00 e imagine que já havia contraído uma dívida que representava quase sete semanas de trabalho.

Por muito tempo eu pensei, como queria ter tido uma instrução sobre isso desde aquele momento, tipo, Fernando, não é assim que a vida funciona, pague-se primeiro, crie um plano de pagamento para resolver essa sua situação, não contraia novas dívidas, invista pra que esse valor trabalhe pra você e um dia você só trabalhará se quiser, pois o próprio dinheiro trabalhará pra te ajudar a construir seu patrimônio. Pena, não tive, lá no fundo até culpei meus pais por isso durante um tempo e para ser sincero acho que foi uma das piores besteiras que já fiz na vida, pois eu tentava terceirizar a culpa, não sei se na tentativa de me abster da responsabilidade ou se apenas por ser mais cômodo ter alguém pra culpar. Honestamente não sei,mas fato é que depois de adulto a culpa por manter esse padrão era minha e só depois disso que de fato comecei a mudar minha realidade financeira.

Ao longo desse tempo muitas coisas boas também aconteceram, uma delas é que mesmo diante de tantas intempéries meu pai quando vinha da roça comigo, mesmo com tantos problemas ainda vínhamos brincando sobre os desenhos formados pelas nuvens. Outro ponto muito foda é que sempre que estava com frio, com o carro aberto sem capota, ou seja, vento na cara, bastava eu dizer que estava com frio que meu pai tirava a blusa e me dava pra que eu cobrisse, e quando eu perguntava se ele não iria sentir frio ele dizia que homem não sentia frio e tenha certeza, eu acreditava mesmo, de modo que sempre pedia a blusa dele pois acreditava que como homem não sentia frio a blusa dele ficaria melhor comigo. Quando eu descobri que homem também sentia frio, além de descobrir essa verdade, também descobri o verdadeiro significado da palavra amor.

Vou tentar ser mais direto pra que não alongar muito, mas assim, com tipo 12 anos eu já entendia, pelo menos um pouco, sobre o que era amor e o que era sofrimento. Com 15 anos saí de casa pra ir morar na casa de tios pra estudar e tentar conseguir algo diferente daquilo que conhecíamos.  Em resumo, quando completei 16 anos estava terminando o ensino médio e apenas alguns meses depois passei no vestibular da Universidade do Estado da Bahia – UNEB e fui estudar Licenciatura em Ciências Extas com habilitação em Matemática. Foi um grande momento pois cidade do interior tem, ou pelo menos tinha, aquela coisa da dificuldade de ingresso no ensino superior e lá em 2002 estava eu entre as quatro ou cinco pessoas da cidade que haviam passado no vestibular.

Quando fiz 17 anos, já emancipado desde os 16 e podendo responder pelos próprios atos, participei de um treinamento e percebi ali uma oportunidade de fazer algo do tipo, e foi aí que idealizei uma empresa. Dinheiro???? Nem pra remédio. Pra se ter uma noção eu já peguei fila na parte interna de banco pra sacar 1,00 na “boca do caixa” para comprar milharina, então não tinha grana nem pra comer veja lá pra montar empresa.

Depois de tudo montado na cabeça falei com meu pai e minha mãe sobre abrir uma empresa e pedi apoio, inclusive financeiro, meu pai me disse Nando mas a gente não tem nada, só as dívidas mesmo. Detalhe importante, assim que entrei na faculdade a maioria dos meu parentes, muito próximos por sinal, falava com meu pai que me tirasse da faculdade e me mantivesse na nossa cidade pra ajudar ele a ganhar algum dinheiro, mas ele insistia contra todos que eu ficasse onde estava, estudando. Lembro de tanta coisa que nem dá pra narrar que me emociono, mas tipo, as vezes ele me perguntava o que eu achava de começar a trabalhar, e sabe o que eu respondia, me aguarde alguns anos, que quando eu começar a trabalhar, em dois meses eu ganho o que não ganhei durante esses quatro anos e meio da faculdade, mas eu preciso que o senhor segure as pontas por esse tempo.E ele, o que fez? O que disse? Quatro palavras poderosíssimas: EU CONFIO EM VOCÊ.

E assim fiquei, pouco mais de um ano me dedicando exclusivamente a estudar, morando em república do governo, estudando em Universidade pública e passando fome praticamente, sei que se eu falasse, meu pai e minha mãe me ajudariam, mas eu não me sentia confortável e preferia sacrificar uma das refeições todos os dias. Não foi fácil, foi horrível pra ser franco. Até hoje o cheiro de macarrão instantâneo “miojo” me remete a memórias fortes, pois na república do governo, morando com mais 14 homens, dividindo o mesmo banheiro que inclusive para tomar banho tinha que pegar fila, muitos ao chegar da Universidade preparava “miojo” com todo aquele cheiro enquanto eu bebia água para dormir.

Diante de tudo isso imagine como meus pais reagiram quando falei preciso de 2.000,00 pra montar um negócio? E meu pai me perguntou, você tem certeza Nando? E eu disse, eu acredito muito meu pai. Ele que já estava devendo dinheiro que não dava nem pra contar, arrumou mais emprestado a juros e me mandou pra que eu pudesse realizar um sonho. E sabe o que aconteceu?? Abri a empresa e perdi o dinheiro em mais ou menos uma semana e meia.

Resumindo, lascou com tudo. Sabe qual a minha postura com meus belos 17 anos? Meu pai eu sei que deu errado, mas sei que vai dar certo e eu preciso de mais 2.000,00. Meu pai quase enlouqueceu e eu disse pai, preciso muito da sua confiança, peço que passe por cima do que precisar, arrume esse dinheiro aí e me mande que vou fazer esse negócio funcionar. E assim ele fez. Quinze dias depois o dinheiro tinha praticamente acabado com pouquíssimo resultado, mas ainda restava um pouco, com esse pouco eu fui trabalhando, nisso fui em uma cidade Minas Gerais, fiz lá um treinamento com minha empresa, que naquele momento nem sequer existia no papel, e lá consegui ganhar uns quatro mil. Não disse nada a eles, voltei pra casa com o dinheiro todo na mala, cheguei em casa de madrugada,acordei meu pai minha mãe e minha irmã e coloquei o dinheiro todo em cima da cama e falei com pai e mãe, esse dinheiro é de vocês. Separei 200,00 e falei, desse eu preciso pra viajar. Foi uma emoção tão forte que aquela cena indiscutivelmente ficará gravada para sempre na caixinha das boas lembranças.

Meu jovem, nesse artigo Depois de construir alguns resultados, mas ainda inconstantes, fui para uma cidade chamada Livramento com meu primo, que naquele momento fazia parte de minha equipe, lá deu errado e perdemos mais uns dois mil, me lembro com clareza que só sobraram R$ 80,00 na nossa mão. Fui em uma lan house e abri o site do IBGE pra pesquisar uma cidade para promover um treinamento, depois de meia hora de pesquisa decidi que iriamos para Jequié na Bahia. Preço da passagem para os dois? R$ 50,00, sobraria R$ 30,00.

Chegando em Jequié o taxi para um hotel R$ 20,00 sobrou aí R$ 10,00. Diária do hotel, R$ 35,00 pra cada, e eu com R$ 10,00 no bolso, mas com a crença nos resultados que iríamos construir ali. Falei com o hotel, queremos hospedagem com alimentação inclusa, só me fala quanto fica por dia por favor. Liguei para meu pai, claro, e disse:pai arruma mais dinheiro que sei que as coisas darão certo, eu as farei darem certo.

Acordei cedo, acordei meu primo, coloquei minha melhor roupa e fui fazer o que tinha que ser feito. Em torno de 15 dias depois eu tinha feito, livre, cerca de 15 mil reais e tinha arrecadado mais ou menos 2,5 toneladas de alimentos para doação. Foi emocionante pra mim, pois pouco tempo antes eu é quem precisava daquele alimento e ali eu já conseguia ajudar outras pessoas. Sobre o dinheiro, fiquei com mil reais mais ou menos e entreguei 14 mil para pai ir pagando as dívidas que ele tinha.


Foi a construção de um grande resultado.

Estou tentando não alongar muito e para adiantar bastante essa história, sem nenhuma soberba, pelo contrário, com muita humildade te digo que consegui acertar cerca de quase cem mil em dívidas, mudei completamente de vida, presente de aniversário era tipo uma moto nova de presente, sempre tive vontade de ter um carro, mas antes disso arrumei a casa de mãe toda, na época provavelmente dispus de algumas centenas de milhares de reais, depois de tudo isso concluído resolvi comprar um carro. 

Foi quando comprei um carro que era um lançamento da Ford na época, uma Ecosport 0Km, naquele momento o patamar de vida era totalmente diferente do patamar de quem não tinha o que comer alguns anos antes. Hoje vejo como até a escolha do carro foi fruto de honra ao passado, afinal era o carro que mais se parecia com o Jeep em que usei tanto durante a infância.

Honestamente, com 19 anos, já dando palestras em vários Estados do Brasil, com vinte e poucos anos já com uma bagagem gigante, com carro zero km, muito dinheiro disponível, com uma grande equipe, tudo era muito diferente.

Na crise de 2008, a minha empresa quebrou e quando eu estava em Rondonópolis no Mato Grosso, liguei pra pai meio que desesperado, preocupado em como iria pagar a equipe, naquele momento acontecia uma recessão no mercado. Meu pai com sábias palavras me disse, Nando, nada na vida é permanente, tudo é temporário, tudo passa e isso também vai passar, apenas se mantenha firme naquilo em que você acredita. Eu nunca vou me esquecer do quanto aquelas palavras conseguiram me manter calmo num momento de tamanha turbulência.

Depois daquela crise econômica que assolou os Estados Unidos mas que refletiu em todo o mundo, as coisas voltaram ao normal, talvez, eu diria, ficaram até um pouco melhores do que eram antes. Tudo se estabilizou e nunca fiz tanto dinheiro como em 2009 e 2010, aquele meu pai, sábio, estava certo naquela ligação em 2008. Por mais que tivesse me mantido calmo naquela hora, não tinha dimensão claro do poder daquelas palavras, que bom que confiei.

Durante esse período me faltou conhecimento sobre finanças, pois por mais que tivesse muito dinheiro disponível eu não sabia agir estrategicamente para fazer o meu dinheiro trabalhar por mim. Quando se está em uma situação confortável a tendência é se manter nela e acreditar que nada irá mudar. Hoje acredito que não exista algo mais enganoso do que isso.

Por volta de 2013 o modelo de negócios que eu tinha já não estava tão favorável, consumia muito mais tempo e trabalho e os resultados eram menores. Foi nesse ano que mudei de negócio e montei uma agência de modelos fotográficos e publicidade. Demorei pouco mais de um ano para perceber que não era a minha praia, fechei o negócio e o que me restava era a experiência e eu iria contar com ela para recomeçar.

Para esse recomeço escolhi a cidade de Feira de Santana, essa decisão ocorreu por conta de ser um local com fácil logística para distribuição. O produto que decidi distribuir foi cosméticos, pois depois de minhas pesquisas esses produtos fazem parte de um setor que estava em ascensão. Essa era a parte lógica, mas lá no fundo eu contava como um refúgio, um local onde eu teria mais tempo comigo mesmo para decidir o que de fato eu queria da minha vida, qual de fato era o meu propósito de estar aqui.

Sobre o negócio eu, até então, que só tinha tido empresas que ofereciam serviços, me propus a criar uma empresa que oferecia produtos. As diferenças são muito maiores do que eu imaginava e o negócio nunca foi de fato um sucesso, pelo contrário, com erros em contratação de pessoal, fluxo de caixa e outros, a empresa chegou a um saldo devedor de aproximadamente R$ 300.000,00 é isso mesmo, trezentos mil reais. Foi quando tive consciência disso que comecei a me dedicar muito a estudar sobre educação financeira, investimentos e estrutura de negócios.

Continuei a me dedicar à operação, agora com uma nova visão e com novos comportamentos, afinal eu tinha uma série de compromissos a cumprir. Enquanto isso acontecia eu sempre buscava fazer treinamentos para capacitar funcionários de lojas e meus próprios. Por todos os lados haviam sinais bem claros de qual era o meu propósito, mas eu nem sempre os reconhecia tão bem.

Por outro lado, ao longo desse tempo com o intuito primeiro de aumentar meu círculo social resolvi cursar Direito e assim conclui a graduação e me tornei advogado tributarista, com muito conhecimento e com pouca paixão.

Desde que fui recomeçar em Feira de Santana as pessoas que se aproximavam de mim eu comecei a orientar sobre como cuidar melhor do dinheiro, afinal eu já havia passado pelas diversas
fases financeiras e sabia exatamente o que as pessoas estavam sentindo.

Foi então que criei um canal no YouTube e ampliei o alcance de minha mensagem e não demorei a deixar aquele negócio de cosméticos e me dedicar exclusivamente a ajudar pessoas a organizarem o dinheiro e fazer ele sobrar para investir e realizar os sonhos. Isso passou a me motivar de uma forma que não consigo descrever, foi aí que entendi que havia de fato descoberto o motivo pelo qual eu nasci, descobri o que fazia meu coração vibrar, enfim, descobri meu propósito de vida.

Depois que já estava em paz e tranquilo, com uma vibração já bastante elevada, eu e Mally (que não quis nada comigo quando nos conhecemos rsrs) nos aproximamos, começamos a namorar e nossa sintonia foi tão grande que pouco tempo depois nos casamos.

Eu sempre crio ritos de passagem nas fases de minha vida e nesse foi a mudança de Fernando Fernandes para Fernando Requião. Foi nesse interim que mudei para Salvador, hoje vivo uma fase da minha vida com muitas mudanças, ajustes e momentos de alegria.

Tem sido muito interessante construir essa família com uma mulher tão interessante e que amo muito e o bacana é que as coisas já estão muito boas, mas quando olho pra frente percebo que a tendência é que elas fiquem cada vez melhores.

Para finalizar, eu sou muito grato por cada parte de minha vida e por tudo que vivi, pois se sou exatamente como sou é por conta de cada uma dessas vivências. A minha vida hoje é dedicada a ajudar pessoas a criarem negócios sólidos, tomarem melhores decisões financeiras, eliminarem dívidas e investirem melhor seu dinheiro. Assim vou seguindo, cumprindo o meu propósito.

 

Se você leu até aqui eu fico feliz e espero que a minha história possa te inspirar e te ajudar de alguma forma. Me fala aqui nos comentários, com muita sinceridade, o que você achou da minha história?

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